O homem em crise

 A crise do homem de meia-idade tem sido bastante explorada pelo cinema de comédia. Filmes como “O virgem de 40 anos” e “Enquanto somos jovens” são olhares bem particulares sobre esse universo. A comédia romântica brasileira “AmarAção”, dos diretores e roteiristas Eric Belhassen e Marc Belhassen, explora esse aspecto da vida do homem, com um viés do sincretismo explorando o culto afro-brasileiro e a cabala. 

Na trama, depois de se separar de sua esposa, Erick (Eric Belhassen) desenvolve sintomas estranhos. Ele escuta a voz da ex-mulher e acredita que foi “enfeitiçado” por ela. Ao mesmo tempo, seu melhor amigo Caco (Caco Ciocler) também passará por uma crise com a namorada. Os dois vão ter que explorar essa magia para entender afinal qual é a dessa tal de “amarração”. 

Os termos amar e estar “amarrado” são o xis da questão. Há aí um problema. As mulheres são as aborrecidas e vingativas da trama e os problemas deles estão expostos como uma chateação da qual eles querem se livrar para seguir em frente. Esse seguir em frente é típico da categoria machista. O problema é saber seguir em frente, nos filmes, como na vida. A viagem espiritual de Erick fica só na superfície. O que poderia ser uma libertação, deixa o homem ainda mais preso na armadura. E se a proposta é cômica, creio que poucas mulheres vão rir da “malandrices” da meia-idade masculina.