Subversão experimental - NONA: se me molham, eu os queimo

 


Josefina Ramirez 

A jovem diretora Camila José Donoso explora a história do Chile de maneira experimental em seu terceiro longa. Em NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO, fatos reais e ficção se misturam no protagonismo da avó da diretora, Josefina Ramirez. Presença instigante em cena, Josefina, é a Nona, uma integrante da resistência anti-Augusto Pinochet, que se tornou uma especialista na fabricação de coquetéis molotov.

As memórias da Nona se misturam à narrativa ficcional sobre uma mulher que cometeu um crime passional, e se vê obrigada a deixar Santiago. Ela vai para a cidade costeira de Pichilemu, numa casa que comprou na época do governo de Salvador Allende. O filme também acompanha a resistência da guerreira diante da catarata que a fragilizada. Esse conceito de passagem do tempo expõe uma mulher ainda comprometida com os seus princípios, ainda que a visão lhe falte.

Real e imaginário são explorados numa experimentação da memória dessa personagem ambivalente e cativante. Nesse contexto Nona está diante de incêndios inexplicáveis das casas da  nova cidade. O passado piromaníaco faz da Nona uma suspeita. 

A opção pelo uso de imagens caseiras em vídeo, remetendo ao passado, é excessivamente aplicado e dá um caráter de colagem. Não é necessário se temos a presença de Josefina como ponto alto nas imagens contemporâneas. Ela já sustenta a exibição com sua representação do passado. O Brasil colabora com a produção através de Eduardo Moscovis, que interpreta Pedro, uma figura misteriosa na vida da Nona e a premiada montadora Karen Akerman. 


Eduardo Moscovis


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