UM GRITO DE LIBERDADE – Drama acima do tom

Originária da palavra francesa “mélodrame”, o estilo melodrama se definiu no espaço teatral por utilizar a linguagem popular, cheia de sentimentalismo e mistério, dentro de uma temática popular. Muitas vezes depreciado, o melodrama ganhou o devido reconhecimento no cinema quando o cineasta Douglas Sirk nos anos 1950 deu  significado ao estilo, através de mulheres sofridas, a sociedade reacionária, a renúncia, os redentores. 

A obra de Sirk alimentou novelistas e deu fôlego e inspiração a muitos folhetins para o consumo popular. Em obras como “Imitação da Vida” e “Tudo que o céu permite” estavam a subversão e o espírito do tempo na era ultraconservadora.  

A introdução sobre melodrama é para apresentar mais uma produção chega à plataforma Cinema Virtual, alternativa durante o período da Covid-19 para o lançamento de filmes como o drama turco UM GRITO DE LIBERDADE (Annem), do diretor Mustafa Kotan. Infelizmente aqui, uma experiência de pouca ousadia e inspiração do gênero ainda tão amado pelo caráter popular. 

Na trama somos apresentados a uma mãe pobre que é capaz de sacrificar tudo e tornar o impossível uma realidade para sua filha. Ela vive num lugarejo com poucas oportunidades e investe nos estudos da filha. Nada mais inspirador em tempos de tenta carência de personagens que nos motivem a acreditar. A filha cresce, prospera nos estudos, mas têm vergonha da mãe que tem modos extravagantes e ao mesmo tempo cativantes. A jovem se apaixona por um rapaz rico e aí... você já viu essa novela, não é mesmo?

As possibilidades do melodrama estão dadas. O diretor tinha uma estrada bem pavimentada de ideias para explorar desde a luta de classes, até a decadência dos jovens que não sabem os seus lugares no mundo. Mas, infelizmente, a opção não foi a subversão e sim, lágrimas, muitas lágrimas. Os novelistas mexicanos foram representados.

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