INSTINTO - Uma história sobre poder, sexualidade e intimidade
Nas palavras da própria diretora Halina Reijn, “Instinto” é sobre alguém sexualmente danificado. No caso, Nicoline, uma psicóloga experiente, que inicia um novo emprego em uma instituição penal. Ela conhece Idris, um homem com um distúrbio de personalidade antissocial e narcisista, que cometeu uma série de crimes sexuais graves. Após cinco anos de tratamento, ele está prestes a ter sua primeira saída em liberdade condicional desacompanhada. Apesar do entusiasmo dos profissionais da instituição com o desenvolvimento na reabilitação do condenado, Nicoline ainda não está convicta da recuperação dele.
O que deveria ser uma relação terapeuta e paciente se transforma numa obsessão. Um jogo de poder se estabelece. Aos poucos, o filme revela que Nicoline, apesar de seu conhecimento e experiência, é também uma personalidade danificada sexualmente. Duas mulheres, Halina e Esther Gerritsen, trabalham no roteiro dessa mulher quebrada numa trama aparentemente antifeminista. A diretora defende que começou a escrever antes do movimento #MeToo, quando mulheres no cinema começaram a denunciar abusos e violência sexual nos bastidores, mas que o filme discute exatamente isso: os limites de poder e sexo. Halina ainda vacila em atingir a complexidade que a trama propõe, mas tem a coragem de tocar a linha fina que separa um filme com densidade emocional e o risco de ceder ao apelativo vulgar que uma trama sexual corre o risco de cair.
Escolhido pela Holanda para representar o país na seleção do Oscar 2020, “Instinto” não foi classificado e ainda é um exemplar de filme que poderia tocar o solo fértil do thriller sexual com maior potência, a exemplo do que o compatriota de Halina, Paul Verhoeven realizou em “Elle” (2016). Carice van Houten e Marwan Kenzari estão corretos como Nicoline e Idris. A tarefa deles é dificílima ao lidar com personagens longe do palatável e sob o inevitável olhar de julgamento.
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