VENTOS DA LIBERDADE - O passado que ainda ronda a nossa casa

Na semana que comemoramos os 30 anos da queda do muro de Berlim, um filme alemão retrata os tempos terríveis da ditadura na Alemanha Oriental

Um suspense no padrão tradicional, mas que tem muito a nos dizer sobre tempos sombrios que rondam, volta e meia, nações democráticas ameaçadas por surtos autoritários. Em qualquer modelo econômico, a tirania sempre dedica seu ódio a assombrar, principalmente, o cidadão comum. Com a Alemanha isso ocorreu duas vezes seguidas. Pelo modelo capitalista de Hitler e pelo modelo comunista implantado na Alemanha Oriental pós Segunda Guerra até a queda em 1989 do último ditador Erick Honecker, o país dividido viveu o horror do fim das liberdades. Em “Ventos da Liberdade” (Ballon, no original), o diretor Michael Herbig cria toda a atmosfera dos tempos do regime e constrói, em eficiente reconstituição de época, uma dramaturgia envolvente sobre tempos terríveis da história da humanidade.
Partindo da história de duas famílias, os Strelzyk e os Wetzel , o roteiro de Herbig, Kit Hopkins e Thilo Röscheisen reconstrói o verão de 1979, na cidade de Thüringer,  na Alemanha Oriental. Baseada em uma história real, a trama segue o plano teoricamente louco dessas pessoas.  Desesperados para fugir da ditadura e fugir para o lado Ocidental da Alemanha, eles planejam cruzar a fronteira em um balão de ar quente feito por eles mesmos de modo improvisado. A poucos metros de distância do lado ocidental, eles sabem que podem ser executados como traidores do regime se eles falharem. Homens são recrutados a todo momento e obrigados a trabalhar nas fronteiras. A ordem é impedir as fugas a qualquer custo e executar, na hora, homens, mulheres e crianças que tentarem escapar do lado Oriental. 
A direção foge do caráter documental e investe numa dinâmica de  suspense para mostrar os obstáculos que envolvem a empreitada. Em 1982, o fato foi adaptado para o cinema com o título ‘Dramática Travessia’, de Delbert Mann, estrelada por John Hurt e Jane Alexander, mas agora são os próprios alemães que contam sua história. 
Com música de Marvin Miller e Ralf Wengenmayr e a montagem de Alexander Dittner contribuindo de modo impressionante para a narrativa de suspense, e a ótima colaboração do elenco liderado por Friedrich Mücke, Karoline Schuch, David Kross e Alicia Von Rittberg, “Ventos da Liberdade” é um exemplar do cinema que conserva os elementos do entretenimento com competência dramática para contar uma história que não pode ser esquecida. 

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